"Renamo deixa de Araújo “desgastado"
O membro do Conselho Nacional da Renamo, Manuel de Araújo, diz-se triste e desgastado com o ambiente que se vive na Renamo. De Araújo diz que, em vez de se digladiarem entre eles, os membros e a direcção do partido deveriam aproveitar a actual popularidade para alcançar o poder.
A última semana foi agitada na Renamo, com as decisões do tribunal, as entrevistas quentes dadas à STV Notícias por Venâncio Mondlane e José Manteigas, e várias publicações de outros membros nas redes sociais. Manuel de Araújo não está a gostar da situação e sente-se “desgastado”.
Numa carta que Araújo partilhou com seus companheiros, ele começa da seguinte maneira: “Entristece-me o tom e os insultos! Até não parece que pertencemos à mesma casa, a Renamo!”
Logo a seguir, questiona “O que é que se passa? Esquecemos que somos os pais da democracia? Esquecemos que milhares de jovens deram a sua juventude e as suas vidas para termos a democracia que temos? Queremos deitar tudo a perder e entregar o ouro que nos pertence aos “bandidos”?
Na carta, o político recorda os vários momentos que marcam a actual situação da Renamo. Fala das intervenções dos generais da Renamo, que apoiam Ossufo Momade; das entrevistas de Venâncio e Manteigas e outros episódios, incluindo o do próprio presidente Ossufo.
“Num dia, é o próprio Presidente do Partido, que todos deveríamos respeitar, porque é símbolo do partido, apesar do mandato expirado, que diz, em Grande Entrevista, que não tinha dito, ainda, que seria candidato ou não, pois era diferente do General Elias, do Venâncio e do Picardo, que anunciaram as suas candidaturas fora do tempo e antes do início do processo legal, para, uma semana depois, ser ele mesmo a dar o dito pelo não dito, afirmando, em outra entrevista, que, afinal, era igual aos três, nomeadamente, ao General Elias, ao Venâncio e ao Picardo, pois, desta vez, diz que, afinal de contas, vai concorrer!”, desabafa, para, depois, revelar que “para piorar o quadro, dias depois, aparece, nas redes sociais, um vídeo com camisetas a serem produzidas na China!”.
Faz isto tudo para formular questões, muitas questões. “Afinal, o que se passa? Porque tanta agitação numa altura em que temos tudo para tirar a Frelimo do poder? Afinal, o que se passa quando a juventude nas ruas de Maputo e Matola, por onde passei este fim-de-semana, e de todo o país está à espera da hora H para carimbar a vitória da Renamo e não se coíbe de exibir cartões de recenseamento ‘ainda quentes’ porque acabam de ser impressos e diz, de boca aberta e sem receios, que contamos convosco? Afinal quem não quer governar? Ossufo Momade? Elias Dhlakama? Venâncio Mondlane ou Picardo? Ou a Renamo? Quem ganha com estas ‘brincadeiras’, como dizia o saudoso presidente Afonso Macacho Marceta Dhlakama! É o Presidente Ossufo? É o Venâncio? É o Elias? É o Picardo? É a Renamo? Ou é a Frelimo?”
Ademais, Manuel de Araújo nota ausências de órgãos importantes neste momento dentro do próprio partido. “Onde anda o Conselho Jurisdicional do partido para impôr a ordem e disciplina no partido? Onde anda o Conselho Nacional para dizer em bom tom em que dia e em que cidade, vila ou localidade teremos a sessão do Conselho Nacional? Março termina amanhã e ninguém, ainda, sabe onde nem em que dia teremos a sessão, quando foi anunciado que seria na primeira semana de Abril para, depois, o Chalaua vir desdizer e anunciar que seria na segunda semana? Que órgão decidiu? O presidente? A Comissão Política? A Mesa do Conselho Nacional? O Conselho Jurisdicional?”.
Além de questões, faz pedidos aos seus colegas. “Em meu nome pessoal, na minha qualidade de membro do Conselho Nacional do partido, no da minha família, no dos munícipes da cidade de Quelimane, peço ao presidente Ossufo Momade para abster-se de dar entrevistas e, caso queira dar, que deixe de falar de outros membros do partido e ou pseudocandidatos! Peço também ao mano Manteigas para deixar de atacar membros do partido!”
Não é só isso. Ele atribui missões a cada um dos envolvidos. A Arnaldo Chalaua lança o desafio de se concentrar nos trabalhos parlamentares, Elias Dhlakama no combate ao terrorismo, Juliano Picardo é desafiado a desenhar uma política agrária para enfrentar o El Niño e a Venâncio o de melhorar a imagem do partido dentro e fora do país.
“Neste momento, não há vencidos nem vencedores! Felizmente, foi possível corrigir um erro grave que foi a não marcação atempada do congresso! Corrigido esse erro grave, essa omissão, abstenhamo-nos de declarar vitórias e derrotas, vencedores e derrotados! Quem ganhou, com esse exercício democrático, foi a democracia! Quem ganhou foi a Renamo! Arregacemos as mangas para eleger os nossos dirigentes no congresso e mãos à obras, manos, por favor!”
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